sábado, 23 de outubro de 2010

BATALHA DE MONTIJO - CONDE D'ALEGRETE


Em 26 de Maio de 1644, foi travada a Batalha de Montijo, município de Badajoz, Espanha, entre o Exército Português e o Espanhol.
Foi no decorrer deste combate que Mathias d'Albuquerque ganhou o seu titulo de conde d'Alegrete.
Esta acção notável, que foi das primeiras vitórias importantes ganhas pelos portugueses na campanha em que se firmou a independência, começou por uma derrota.
O General Espanhol, Marquês de Torrecusa, impaciente pela feição demorada que as determinações do seu governo impunham á campanha de Portugal, entendeu que devia, concentrando as suas forças, atacar e destruir o pequeno exército com que na fronteira se embargava a invasão, penetrar no país e subjugar na passagem de toda a província do Alentejo. O seu exército constituído, por seis mil infantes e duzentos e cinquenta cavalos, era pequeno, mas na sua opinião superior ao nosso que tinha minguada cavalaria e deferia muito no valor e ciência militar, em oficiais e soldados do exército espanhol.
Torrecusa considerava tão indiscutível a vitória que encarregara o barão de Mollingen de colher esses fáceis louros, oferecendo-lhes como homenagem á sua entrada em campanha.
Mollingen, que se estreava no exército de Torrecusa como general de cavalaria, era um bom oficial; atravessou o Guadiana á vista do nosso exército, que Mathias d'Albuquerque formara em batalha perto de Montijo, primeiro disposto a esperar o inimigo, começando depois a marchar vagarosamente sobre Campo Maior.
Era um exército composto de soldados bisonhos e mal disciplinados na sua maioria, a cavalaria estava dividida em onze batalhões e guarnecia os dois flancos; faziam parte cento e cinquenta holandeses comandados pelo capitão Piper.
Às nove horas da manhã de 24 de Março de 1644 estavam em frente os inimigos, procurando ambos os generais animar a sua gente. Iniciou o combate a nossa artilharia fazendo sofrível estrago nas fileiras da infantaria castelhana, que se refez logo do primeiro abalo, e vendo Mollingen a fraqueza da nossa ala esquerda, mal defendida, mandou carregar sobre ela, a sua cavalaria, que rompendo os terços da infantaria d'Ayres saldanha, na desordenada corrida, os destroçaram. A ala direita, com parte da retaguarda, estava coberta pelos carros de bagagem, mas vendo debandar a cavalaria da esquerda, rota a infantaria, o inimigo matando e ferindo á vontade, considerou a batalha perdida e retirou para um bosque na margem do Xevora. Os castelhanos ante esta retirada consideraram-se senhores do campo e passaram a ocupar-se em despojar os mortos e em roubar os carros de bagagens.
Mathias d'Albuquerque, tivera mais de uma vez a vida em risco procurando acudir a tanta desordem, e vendo a confiança do inimigo, ocorreu-lhe a genial ideia de tirar do desastre uma brilhante vitória.
Reuniu os seus mais valentes cabos de guerra, conseguiu formar novos terços com a disseminação da infantaria, juntou quarenta cavalos e avançou á frente dos seus oficiais, a espada nua em punho, contra os castelhanos, entretidos no saque, ao mesmo tempo que o general d'artilharia D. João da Costa fazia voltar bruscamente as suas peças contra os despreocupados inimigos com maravilhoso efeito. Os assombrados castelhanos apenas por momentos pensaram em resistir e, perseguidos sem quartel pelos nossos soldados, que uma viva chama de entusiasmo animava, obrigaram o barão Mollingen a atravessar de novo o Guadiana e tanta era a pressa com que procuravam interpor entre si e o ferro inimigo e a corrente do rio, que muitos nele se afogaram.
Às três horas da tarde, terminado o combate, Mathias d'Albuquerque tocava a reunir, formava novamente os terços, fazia levantar os feridos e acomodá-los nos carros, conservando as suas tropas formadas nos campos até à noite em afirmação da sua vitória, marchando depois para Campo Maior.

Transcrito por António Correia

Nesta Batalha está bem presente a grande formação técnica dos nossos Chefes, a paciência e a humildade do POVO PORTUGUÊS.